terça-feira, 26 de junho de 2012

Quanto custa uma traição????

Para o Rodrigo Gomes, custou R$ 60 mil. 

“Essa indenização eu acho que não tem cabimento”, diz ele. 

Mas Sara ganhou na justiça. 
Tudo começou quando ela convidou mil pessoas pro que chamou de "Casamento na Roça". 

“Foi tudo preparado e do jeito que eu imaginei”, conta a técnica de enfermagem Sara Dias. 

No quintal da casa em Galiléia, Minas Gerais, Sara e Rodrigo montaram um altar. 

“Foi ao ar livre. Então ficou lindo, lindo. E eu ali participando de cada detalhe, de cada coisinha. Jeitinho de mulher. Sempre vistoriando”, relembra ela. 

Ela pagou a festa toda: R$ 11 mil. 

“Foi o dia mais lindo da minha vida.” 

As promessas duraram pouco. Poucas horas. A festa acabou às 22h, e eles foram passar a noite de núpcias na casa em que iriam morar. 

Só que enquanto ainda tiravam os presentes do carro, o telefone tocou. 

“Aí a mulher me informou que tinha um relacionamento com ele. E não sabia por que é que ele tinha ido à festa. Porque ela tinha pedido para ele não ir, que era melhor, porque eu não ia viver com ele. E aí eu não ouvi mais”, conta Sara Dias. 

Na semana seguinte, o constrangimento piorou. A suposta amante do marido passou a telefonar, mandava cartas. 

“Ela já chegou a ir ao meu trabalho, ela já chegou a me afrontar na rua. Então isso foi me magoando. Aí eu perguntei para ele: o que é que está acontecendo? Aí um dia eu falei assim: não dá, pra gente ficar assim.” 

Ela ainda guarda as flores de plástico do dia dos namorados e as alianças do casamento que durou apenas dez dias. 

Em dezembro de 2009, ele levou os móveis para casa onde agora vive com a outra. 

Na cidade de sete mil habitantes, não demorou muito para que o caso se tornasse o assunto mais comentado. E isso mudou a vida da Sara, que resolveu fazer o noivo pagar pelos limites que ultrapassou. 

“Não que fosse questão de vingança. Mas para que houvesse algum tipo de justiça.” 

Ela contratou um advogado para cuidar do divórcio, mas ele percebeu que ali havia mais que um divórcio. Havia danos morais. 

O caso foi julgado em primeira instância e o noivo, e a amante, foram condenados. 

“Tem provas de que a amante depois do casamento continuou perturbando ela. A traição por si só, ela não gera indenização. Se a pessoa trai às escondidas e não causa nenhum constrangimento, nenhum transtorno à parte traída, isso por si só não gera indenização”, explica o juiz Roberto Apolinálio.

Rodrigo e a amante, juntos, vão ter que pagar R$ 60 mil para Sara, pelos danos morais e pela festa de casamento que ela bancou. 

Rodrigo vai entrar com recurso na justiça. 

“Não houve traição. Como a cidade é pequena, aqui a gente não pode conversar com ninguém diferente que já está alguma coisa. Condição eu não tenho. Eu sou um assalariado, e eu confio na justiça”, reclama Rodrigo. 

“Condição eu não tenho. Eu sou um salariado, e eu confio na justiça, entendeu?” 

A decisão do juiz partiu de um caso semelhante já julgado em definitivo não muito longe dali, na cidade de Nanuque, divisa de Minas com a Bahia. Só que aqui o traído foi o homem. 

Gildácio e doralice passaram oito anos felizes. 

“Foi maravilhoso, nos vivíamos muito bem”, recorda Gildácio. 

Mas depois de um tempo a intimidade entre os dois acabou. E Gildácio começou a desconfiar de um amigo do casal. 

“Todo final de semana esse amante dela pegava na porta de casa pra poder treinar ela fazer aula de auto-escola.” 

“A gente saía, era coisa rápida, dali a pouco eu tava em casa. Na minha cabeça não houve traição”, diz 

O problema foi o que veio depois. 

“A cidade toda estava sabendo e fazendo comentário. Circulou na cidade toda porque ela já estava fazendo a cosia assim a céu aberto. O amante dela ia buscar ela na porta da empresa e dentro da empresa ela ficava me difamando. Uma difamação que faz até vergonha aqui no momento falar a difamação. Ela falava sobre meu desempenho sexual”, diz Gildácio. 

Traição já foi crime. Hoje não é mais. Mas uma advogada explica que continua sendo um ilícito civil, e por isso a pessoa pode ter que pagar uma indenização pelos danos causados. 

“Uma pessoa que é traída em um casamento, ela pode pedir a condenação de quem a traiu, do infiel, na reparação dos danos que lhe foram causados. Danos morais, que significam o sofrimento, a angústia, a humilhação, o constrangimento. E danos materiais. Que são os prejuízos econômicos que podem advir também de uma traição”, explica a advogada. 

Doralice foi condenada por danos morais e vai ter que indenizar Gildácio em R$ 8 mil, mas os traídos concordam: não há dinheiro que pague tanta dor.

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